O conceito de cidades sustentáveis, também chamadas de cidades verdes, corresponde à ideia de equilíbrio entre os investimentos urbanos e o uso devido de recursos naturais para a sua operacionalização. Nesse sentido, busca encontrar a correta medida entre os pilares caros ao desenvolvimento esperado de uma boa administração pública, com vistas às dimensões social e econômica, assim como à perspectiva sustentável.
Atualmente, com o debate, cada vez mais emergente, sobre os impactos ambientais gerados pela desatenção à preservação da natureza e de seus recursos, torna-se ainda mais essencial falar das cidades sustentáveis enquanto projeto urbano. Dessa forma, com o intuito de contribuir com a melhora da qualidade de vida de sua população, uma cidade sustentável é, essencialmente, um local onde os indivíduos gostam de estar, de realizar suas atividades de trabalho e lazer.
Além disso, do ponto de vista econômico, as cidades verdes são igualmente atrativas e potencialmente promissoras. Assim, ao serem planejadas com o objetivo de estarem sempre integradas com o meio ambiente, elas são também alvo de prospecção econômica de longo prazo. Isso se deve à sua capacidade inerente de gerenciar melhor seus sistemas de descarte de lixo, transportes, energia, assim como o desenvolvimento sinérgico de políticas públicas alinhadas com as principais demandas socioambientais do planeta.
Dessa maneira, as cidades sustentáveis devem ser pensadas como projetos cujo intuito é tornar sinérgicas as demandas sociais, econômicas, políticas e ambientais. Para tanto, possui como premissa a proteção ambiental que, dentre outras coisas, deve estar prevista no âmago de suas estratégias estruturais, o que se pode chamar de estratégias verdes.
Por que utilizar estratégias verdes para aumentar a permeabilidade das cidades?
Quando cidades sustentáveis são projetadas, um dos principais benefícios ambientais que podem ser verificados diz respeito à menor probabilidade de haver desastres naturais, como enchentes e inundações. Isso se dá ao fato de, em projetos dessa ordem, serem considerados os problemas de drenagem provocados pela impermeabilização do solo. Se esquecidos, podem gerar grandes problemas sociais, econômicos e ambientais.
Nesse sentido, um dos argumentos centrais relativos à adoção de estratégias verdes para aumentar a permeabilidade das cidades corresponde, justamente, à sua eficácia em relação à preservação do ciclo hidrológico – consideração central para a segurança e bem-estar nas cidades sustentáveis. Dessa forma, as estratégias verdes, ao serem concebidas, levam em conta, em primeiro lugar, as condições do local onde serão inseridas, articulando estratégias personalizadas de uso da vegetação natural. Nessa direção, contribuem significativamente com a redução de alterações no cenário climático, assim como nos efeitos imediatos sentidos pela população local.
Além dos benefícios já mencionados, vale ressaltar a relevância da infraestrutura verde também pelo fato de reduzir consideravelmente as chamadas vazões de pico, graças ao sistema de retenção da água da chuva – ou similares. Essa, por si só, trata-se de uma vantagem notável das cidades sustentáveis, já que viabiliza o aproveitamento da água, assim como evita possíveis problemas estruturais relativos à sua chegada desmedida através das chuvas.
4 estratégias verdes para aumentar a permeabilidade das cidades
Reconhecida a importância das estratégias verdes, é chegado o momento especificar 4 das principais, geralmente utilizadas nos projetos de cidades sustentáveis.
- Jardim de chuva
Os jardins de chuva são amplamente recomendados às cidades sustentáveis, pois auxiliam a retenção e a infiltração da precipitação. Em outras palavras, eles contribuem com a redução das vazões em momentos de pico, evitando eventuais desastres ambientais, como enchentes e inundações.
Além disso, os jardins de chuva são ótimas iniciativas para resgatar a permeabilidade perdida graças à impermeabilização dos solos gerada pela urbanização. De maneira muito eficaz, esses jardins retardam o escoamento das águas da chuva para rios e córregos, sem contar que ainda auxiliam como filtrantes da água, melhorando a sua qualidade ao chegar aos rios.
- Pisos permeáveis
Os pisos permeáveis são excelentes aliados na tarefa de aumentar a capacidade de infiltração das águas no solo nas cidades sustentáveis, algo que é notadamente reduzido quando se trata de típicas coberturas urbanas. Nesse sentido, essa estratégia verde pode reter até cem por cento do escoamento superficial, reduzindo a erosão.
Além disso, assim como os jardins de chuva, os pisos permeáveis auxiliam na filtração da água, diminuindo sua contaminação. Dessa maneira, atua, ao mesmo tempo, com intercepção e infiltração do volume pluvial e com a melhora da qualidade da água.
- Lagos pluviais
Como uma estratégia de receber parte da drenagem pluvial, os lagos pluviais artificiais são construídos, resultando em, além de uma área de preservação ambiental, também de lazer. Dessa forma, em cidades sustentáveis, eles funcionam para diminuir a incidência de enchentes, desde que não ocorram precipitações acentuadas em um curto período de tempo.
- Sistema de captação de águas pluviais
Outra estratégia verde bastante útil para a sustentabilidade das cidades diz respeito à inserção de sistemas de captação de águas pluviais, que agem a partir da coleta e armazenamento de água pluvial por meio de telhados, superfícies da terra ou cisternas. Dessa forma, contribuem decisivamente em relação à preservação deste finito recurso, já que, dentre outras coisas, um dos benefícios mais notáveis é o fato de um milímetro de água pluvial coletada equivaler a um litro de água por metro quadrado.
Além disso, em países em desenvolvimento, adotar essa estratégia verde consiste em catalisar sua infraestrutura em direção às tendências mais emergentes do planeta. Nesse sentido, lidar com o problema de escassez de água, planejando estruturas que ofereçam soluções inteligentes e sustentáveis, como esse tipo de sistema, trata-se de um comprometimento acerca da gestão da água e da população.
Estratégias verdes: um salto em relação à qualidade de vida da população e do planeta
A adoção de estratégias verdes, como se pôde perceber, impacta em absolutamente todos os âmbitos da vida dos indivíduos. Por isso, a tendência inaugurada pelas cidades sustentáveis impacta tanto na melhora da qualidade de vida da sua população, como na própria qualidade e duração de vida do planeta.
Além disso, quando se pensa em sustentabilidade urbana, é preciso levar em conta que, a médio e longo prazo, lugares extremamente urbanizados, que não contêm, em seu planejamento, áreas verdes, estão fadados a uma série de consequências desastrosas a nível ambiental. Elas incluem enchentes, inundações, ilhas de calor, desabamentos e alterações climáticas.
Dessa forma, uma vez compreendida a importância desse tipo de planejamento urbano nas cidades, importa que a gestão das mesmas leve em conta, concomitantemente ao desenvolvimento do plano de ação de infraestrutura, a educação de sua população. Isso quer dizer que, para que as cidades sustentáveis sejam realmente efetivas, é preciso que a sociedade se engaje em relação à sua manutenção, entendendo a importância das infraestruturas desenvolvidas.
Sendo assim, educar sobre as melhores práticas individuais acerca do meio ambiente é outra atividade integrada necessária nesse processo. Caso contrário, as cidades verdes correrão o risco de, devido à falta da devida sensibilização coletiva, transformarem-se em ambientes propícios à proliferação de insetos, à acumulação de entulhos e mesmo à invasão da vegetação que não recebeu a devida manutenção. Para que essas consequências não aconteçam, gestão pública e iniciativa privada precisam manter-se sinérgicas, pensando no melhor para a população e para o planeta.