As mudanças climáticas nas cidades são praticamente inevitáveis, mas com o esforço de pessoas e organizações, é possível amenizar o seu impacto. Possível e preciso. As pessoas que moram em cidades já convivem com temperaturas mais elevadas do que nas áreas rurais e, uma das razões é o concreto, que absorve e irradia luz solar, aumentando o calor do ar. Ademais, a concentração de pessoas, carros e máquinas também contribuem para que o ambiente urbano tenha de 5 a 9 °C a mais do que no campo.
As temperaturas mais altas levam a uma maior necessidade de resfriamento artificial dos ambientes e isso leva a um uso mais intenso de aparelhos de ar condicionado, que consomem energia e emitem gases causadores do efeito estufa, aquecendo ainda mais o planeta.
O que podemos fazer para atenuar as mudanças climáticas nas cidades?
Para frear as mudanças climáticas nas cidades, empresários, engenheiros, arquitetos e população em geral precisam se unir no enfrentamento à crise climática. Podemos adotar atitudes em diversos níveis, desde o planejamento urbano, passando pela construção das estruturas, pelo funcionamento das empresas e pelos pequenos gestos individuais, e viver em um mundo mais saudável. Confira algumas alternativas.
No urbanismo:
Árvores: uma das melhores soluções para a redução dos picos de temperatura. Elas sombreiam as superfícies e, através do fenômeno chamado de evapotranspiração, liberam vapor de água por suas folhas e caules.
Caminhabilidade: expressão traduzida do inglês Walkability, ou seja, lugares apropriados para o caminhar. Essa tendência do urbanismo depende de ruas conectadas, atrações separadas por poucos metros, segurança e calçadas bem pavimentadas. A recompensa existe tanto para as pessoas como para o planeta – há diminuição do uso de recursos naturais e emissão de poluentes no deslocamento, auxilia na promoção da saúde e, além disso, contribui para a fluidez do trânsito e aumenta a sociabilidade entre os moradores e visitantes da região.
Gramados: seja em parques, canteiros, calçadas, telhados ou fachadas verdes, utilizar a grama nestas superfícies faz com que a água evapore com mais facilidade e resfrie a região. Além disso, quando o solo fica úmido, ele resfria mais o ar ao seu redor do que uma superfície seca. Quando utilizada em construções, a vegetação também serve como isolante térmico e filtro de ar, pois captura algumas partículas.
Na engenharia e arquitetura:
Materiais de construção de base biológica: além de armazenar menos calor, a produção desses materiais não interfere tanto nas mudanças climáticas nas cidades. Isso porque a fabricação do cimento (material indispensável para a produção de concreto) representa quase 10% das emissões de CO2 do mundo. Madeira certificada, bambu, barro e resíduos agrícolas (fibra de coco, por exemplo) estão sendo cada vez mais usados em construções.
Novas fontes de energia renovável: sol e vento são recursos abundantes no Brasil e que, cada vez mais, têm sido usados para a produção de energia. Neste ano, o país atingiu uma marca histórica em capacidade instalada de energia solar. Chegamos a 14º no ranking de nações com maior potência de geração desse tipo de energia. E a maior parte do 10 GW (gigawatts) vem da geração própria de energia por empresas e residências.
Tinta branca: opção simples para atenuar as mudanças climáticas nas cidades. Ela reflete o calor do sol nos imóveis e contribui para ambientes mais frescos. Algumas iniciativas inovadoras ainda acrescentam outros benefícios ao material, criando revestimentos efetivos ainda mais eficientes. Uma nova pintura está surgindo com um sistema de revestimento de alta refletância solar total (TSR), que faz com que as construções absorvam e irradiem menos calor. Há também tintas ultra-brancas que refletem até 98,1% da luz e são mais eficazes em manter as superfícies frias.
No dia a dia:
Otimização de recursos: priorize o uso de equipamentos mais eficientes. Procure também sincronizar a utilização dos espaços e dispositivos com outras pessoas, economizando energia. Por exemplo, se você faz parte de uma empresa, coordene com os demais para que luzes e aparelhos de ar condicionado não fiquem ligados para apenas uma pessoa no ambiente de trabalho. Ou, em casa, tente se organizar para lavar a maior quantidade de roupas possível e acionar a máquina menos vezes na semana.
Evitar uso do plástico descartável: além de demorar quase meio milênio para se decompôr e ter um processo de reciclagem bastante complexo, o processo de produção do plástico é bastante prejudicial para o meio ambiente. Ele é feito a partir do petróleo e sua fabricação emite muitos gases nocivos.
Juntos, podemos frear as mudanças climáticas nas cidades
Não será fácil e nem será da noite para o dia. Mas, se todos fizerem sua parte, temos condições de deixar nosso planeta melhor. Na Real Urbanismo, os empreendimentos são pensados para diminuir os impactos das mudanças climáticas nas cidades. Diversos projetos já atentam para esses pontos, como o Real Parque, em Florianópolis.
As ruas planas e a proximidade de lojas e serviços priorizam o pedestre. O projeto paisagístico prevê a plantação de árvores nativas e frutíferas e também a construção de um lago artificial e uma cisterna viva, que captará a água da chuva, que será usada na irrigação dos jardins do empreendimento, causando, assim, um mínimo impacto no meio ambiente.